sexta-feira, 10 de maio de 2013

7 ANO-"Europeus consideram que os transgênicos não oferecem benefícios e são inseguros",


Mercado dos transgênicos foge da Europa por rejeição social

Europa não é um continente para transgênicos. A rejeição social e política em muitos países deixou a União Europeiamuito atrasada nesse campo. E o anúncio de que a multinacional alemã BASFtransferirá para os EUA e para a América do Sul a maior parte de suas pesquisas sobre transgênicos é o último sintoma da vitória dos ecologistas e dos grupos de consumidores nessa dura batalha. Das grandes do setor, só a Bayer mantém centros de pesquisa na Europa.

A reportagem é de Juan Gómez Rafael Méndez, publicada no jornal El País, 18-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A gigante química alemã BASF justifica a sua decisão na baixa demanda por esses produtos na Europa. Segundo a porta-voz Julia Meder, a multinacional continuará suas pesquisas genéticas no continente americano. A BASF fecha seus três laboratórios genéticos com a consequente redução de quadro e transfere a sua sede central de biotecnologia de Limburgerhof (Renânia) para Raleigh (Carolina do Norte). Os produtos geneticamente modificados "não encontram suficiente aceitação na Europa" para justificar os investimentos. Só a Espanha, diz, "é aparentemente a exceção". Mas, em conjunto, "o mercado europeu é muito reticente" para que seja rentável.

Em 2004, a suíça Syngenta tomou uma decisão similar. Como a MonsantoDow DuPont não mantêm centros de pesquisa na Europa, isso implica que, das grandes empresas do setor, só a Bayer mantêm centros na UE.

Carel du Marchie Sarvaas, diretor de Biotecnologia da Europa Bio, associação empresarial do setor, considera que a situação é desastrosa. "Falamos de postos de trabalho para doutores, bem remunerados, e as empresas europeias vão levá-los para os EUA. É a típica coisa que deveria fazer com que as pessoas refletissem". A BASF não fornece os valores sobre os investimentos cancelados, mas assegura que pesquisou a um custo de mais de um bilhão de euros nos últimos 15 anos.

As dificuldades de implementação na Europa não se devem tanto a restrições legais para a pesquisa e o cultivo, mas sim à rejeição do consumidor. Um inquérito Eurobarômetro de 2010, com 16 mil enquetes, constatou um incremente na rejeição aos transgênicos: havia subido de 57% em 2005 para 61%. Enquanto isso, o apoio caiu de 27% para 23% (na Espanha, de 66% em 1996 para 35%). "Ao contrário da indústria e dos cientistas, os europeus consideram que os transgênicos não oferecem benefícios e são inseguros", concluiu. Isso, apesar de que nas quase duas décadas de uso dos transgênicos até a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a sua segurança. Então, só seis países cultivavam transgênicos: Espanha (líder em milho resistente à praga do caruncho), a República TchecaPortugal,RomêniaPolônia Eslováquia. Na Europa, havia apenas cerca de 100 mil hectares, comparadas com os 134 milhões no mundo.

A situação é tal que a FrançaAlemanhaHungriaGréciaÁustriaLuxemburgo Bulgária já proibiram o milho cultivado na Espanha. E há outros como a Áustria que votam sistematicamente contra a opinião da Agência Europeia de Segurança Alimentar. Nos EUA e nos países em desenvolvimento, em contrapartida, há muito menos debate.Carlos Vicente, diretor de Biotecnologia da Monsanto na Espanha, afirma a situação europeia não afetará o desenvolvimento mundial: "Países muito importantes na produção de matérias-primas agrícolas, como CanadáEUA,BrasilArgentinaChina Índia, por exemplo, continuam avançando no desenvolvimento da biotecnologia agrícola"

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